Gota – Tratamento | Reumatize Podcast | Manutenção | Episódio 02 – Parte 2

⏱Minutagem

Introdução 00:00:32 Uricosúria e clearance de ácido úrico 00:03:25 Outros exames laboratoriais na investigação da gota 00:04:34 Como diferenciar o paciente entre hipoexcretor e hiperprodutor? (cálculo para clearance de ácido úrico) 00:06:12 Tratamento não medicamentoso 00:06:49 Importância da dieta para o paciente 00:07:40 Impacto da dieta no nível sérico do ácido úrico 00:10:00 Peso corporal e gota 00:10:34 Tratamento medicamentoso 00:11:05 Indicação da terapia redutora de ácido úrico 00:16:40 Medicações disponíveis para redução do nível sérico do ácido úrico 00:16:49 Alopurinol – racional para o uso, ajustes, dose e efeitos adversos 00:22:29 HLA-B5801 00:25:29 Benzobromarona – racional para o uso, ajustes, dose e efeitos adversos 00:34:02 Febuxostate 00:38:42 Momento de iniciar a terapia redutora de ácido úrico – Na vigência de crise VS Fora de crise 00:41:49 Alvos no tratamento da gota 00:42:47 Profilaxia para crise e opções de tratamento 00:52:39 Orientações ao paciente quanto a crise 00:54:39 Pontos práticos dos tratamentos disponíveis para crise (dose e momento de início)

🧮Confere abaixo a calculadora do clearance de ácido úrico.

Fórmula

ClrAU = (AUur x Diu)/ AUser

ClrAU = clearance de ácido úrico plasmático em ml/min
AUur = medida do ácido úrico na urina de 24h em mg/dl
Diu = diurese em ml/min, calculada pela razão em volume de urina em ml dividida por 1440 (total de minutos em 24h)
AUser = ácido úrico sérico em mg/dl
  • Hipoexcreção renal se < 6 ml/min/1,73m²

Tratamento

  • Dividimos o tratamento em farmacológico e não farmacológico.
  • A gota ainda é uma doença subtratada, já que menos da metade dos pacientes recebem tratamento redutor de urato (TRU)

Tratamento não farmacológico

  • Oriente o paciente quanto a hábitos saudáveis, controle de comorbidades e adesão ao tratamento
    • É necessário orientar a suspensão do tabagismo, reduzir o uso bebidas alcoólica e estimular a perda de peso, e redução da ingestão de alimentos ricos em purina

Dieta: as recomendações prévias, incluindo a do EULAR, reforçam a baixa evidência e eficácia das MEVs (mudança do estilo de vida) no tratamento de maneira isolada da gota. Porém, é importante reforçar a necessidade dessas medidas pelo alto risco cardiovascular dos pacientes na grande maioria dos casos.

Dieta geral

🚫Evitar ingestão de carne vermelha e frutos do mar

🚫Bebidas ricas em frutose (sucos de frutas naturalmente doces ex.: maça e laranja)

✅ Laticínios, vegetais, legumes, nozes e grãos integrai

Álcool (consumo deve ser reduzido)
  • Limitar de duas unidades diárias para homem
  • Limitar de uma unidade diária para mulher
  • Quanto é equivalente a uma unidade? 🍺 Cerveja – 335ml; 🍷 – Vinho 118ml; 🥃- Destilado 44ml

Medicamentos: evitar medicamentos hiperuricemiantes
do, caso contrário avaliar suspensão.
  • ❌Diuréticos tiazídicos e de alça
  • ❓AAS em baixa dose, se bem indicado deve ser mantido, caso contrário avaliar suspensão.

Tratamento farmacológico:

  • Não se esqueça de avaliar e tratar comorbidades como HAS, obesidade, DM, DLP e DRC
  • Explique ao paciente o papel das medicações, objetivo do tratamento inicial e ao longo prazo
  • Focos da terapia:
    1. Controle de crise e redução da frequência
    2. Redução do nível do ácido úrico a longo prazo.
  • Alvos terapêuticos (nível de ácido úrico sérico)
    • Sem tofo: alvo < 6 (ACR e EULAR)
      • Estudo publicado em 2018 que comparou tratamento guiado pelo alvo (T2T) foi superior a terapia padrão.
    • Com tofo: alvo < 5 (EULAR) → para que a reabsorção seja mais rápida. Não há evidência para esse alvo, porém pode ser uma opção para pacientes com dano articular e doença extensa, uma vez que acelera a redução de todos e número de crises. (ACR e UTD)
  • Principais motivos para não se atingir o alvo: baixa adesão e subdose. Menos de 20% dos pacientes que iniciam o tratamento aderem a longo prazo.

Crise:

  • Orientar:
    1. Ao paciente a perceber os primeiros sintomas de crise para tratar de maneira inicial e imediata nas primeiras 24h, tendo como objetivo reduzir o tempo e intensidade de crise
    2. Manter medicação uricorredutora durante a crise
    3. Repouso relativo
    4. Não ingerir bebida alcoólica na crise
    5. Tratamento tópico com gelo pode ser usado
  • Corticoide VO, intra-articular, AINE e colchicina.
    • Avaliar comorbidades, padrão da crise atual (mono vs poliarticular), intensidade e tempo de início.
    • Manter tratamento sintomático por 1-2 semanas ou até 48h após o término da crise.
    • Pode-se combinar o tratamento (ex.: AINE + colchicina) de acordo com a intensidade da crise.
  • Opções
    1. AINE em dose plena +/- colchicina em dose baixa (0,5-1mg/dia)? referência guideline ACR 2015
      • Se DRC → evitar
      • Se úlcera péptica prévia ou sangramento/perfuração intestinal → preferir iCOX2 associado a gastroprotetor.
      • Se RCV elevado → evitar iCOX2
    2. Colchicina
      • Preferir nas primeiras 12 horas de crise e evitar se mais de 36h
      • Dose: 1mg seguido por 0,5mg (1h depois), seguido por 1 cp 12/12h
      • Não se faz mais altas doses de ataque devido efeitos adversos (EA)
      • Cuidado com pacientes com doença hepática, DRC ou idade > 70 anos, inibidores do citocromo P450 (claritromicina, ciclosporina, fluoxetina, inibidores da protease), bem como maior risco de miopatia com estatina e HCQ.
      • Não é dialisável.
      • Revisar medicações e ajustes para função renal
    3. Corticoide
      • Usar em crise poliarticular, na contraindicação ao uso de AINE ou colchicina e nos casos refratários.
      • Dose:
        • Prednisona 35mg/dia por 5 dias é comparável ao uso de AINES (Janssens HJ, 2008, Lancet)
        • Prednisona 0,5mg/kg/dia por 5-10 dias ou 2-5 dias em doose plena (0,5mg/kg/dia) seguido por edução gradual nos 7-10 dias seguintes com suspensão posterior.
          • O risco de flare durante o desmame de corticoide, principalmente nos pacientes com vários flares prévios, menor período intercrítico ou que não estão fazendo profilaxia. Nesses pacientes, o desmame deve ser mais lento (até 14 ou 21 dias)
      • Intramuscular (IM) em dose única de triancinolona acetonida ou metilprednisolona (40 a 80mg) ou mesmo IV metilpred. 0,5-1mg/kg)
      • Quadro monoarticular → artrocentese de alívio e corticoide intra-articular
    4. Anti-Il1 (anakinra, canaquinumabe ou rilonacepte)
      • Paciente refratário e com comorbidades
      • Risco de infecção e custo
      • No brasil, apenas o canaquinumabe 150mg SC é disponível.

Profilaxia da crise:

  • A melhor maneira de prevenir uma crise é controlar a uricemia, porém até que os depósitos de urato sejam eliminados, outros tratamentos são necessários.
  • Até 50% dos pacientes podem apresentar episódio de crise no início do tratamento
  • Antigamente, era mais frequente a crise no início do tratamento uricoredutor devido as doses mais altas iniciais de alopurinol, o que vemos cada vez menos
  • A profilaxia não evita a deposição e formação de cristais de UMS e não evita progressão da doença (erosão e formação de tofo). Por tanto, não substitui a terapia uricoredutora!
  • ACR2020 – Recomenda que seja feita em todos os pacientes por 3-6 meses (em pacientes com crises recorrentes o tempo pode ser extendido)
  • ACR 2012: Manter por 6 meses ou 3 meses após o alvo em pacientes sem tofos ou 6 meses após a normalização e resolução do tofo.
  • Medicações para profilaxia:
  • Colchicina (dose: 0,5 1-2x/dia)
    • Efeito colateral mais comum: trato gastrointestinal (diarreia, náuseas…)
      • A intolerância por diarreia é mais comum em idoso, uma opção é 0,5mg em dias alternados.
    • Efeito colateral mais grave: hepatotoxicidade, mielotoxicidade, neuromiotoxicidade (mais comum em paciente com DRC e/ou uso de estatina, ciclosporina, após meses a anos de uso)
    • Evitar em conjunto com inibidores do citocromo P450
      • Interações medicamentosas são mais comuns nesses nos pacientes em uso de: azitromicina, claritromicina, cetoconazol, antirretrovirais, diltiazem, verapamil)
    • Ajuste conforme DRC/TFG (UTD) uma vez que não é dialisável!
      • 30-60 → 0,5mg/dia
      • 15-30 → 0,25/dia ou dias alternados
      • Contraindicada em paciente com TFG < 15/10
  • AINES em baixa dose (naproxeno 250mg/dia, 25mg de indometacina ou 100mg de celecoxibe) 1-2x/dia
    • Ausência de evidência
    • Usar em conjunto inibidores da bomba de prótons e profilaxia para doença ulcerosa péptica
  • Corticoide em baixa dose ( ≤ 10mg/dia)
  • iIL1 – Se contraindicação ou intolerância

Terapia redutora de urato

  • É a melhor maneira estabelecer normouricenimia, reduzir o risco de novas crises, prevenir a deposição de UMS nos tecidos, promover a reabsorção de cristais e tofos.
  • Para quem indicar?
IndicaçãoEULAR 2016ACR 2020Observações
> 1 crise / ano✅ ✅✅ ✅
1 crise ano e episódios préviosAvaliar também a intensidade da crise e o quanto é incapacitante, o quanto debilita e interfere nas atividade laborais do paciente. Bem como se paciente possui doença poliarticular.
Tofo✅ ✅✅ ✅
Dano articular✅ ✅✅ ✅
DRC (talvez reduza o risco de progressão de DRC?, porém maior risco de progressão da gota…), nefrolitíase, AU muito alto mesmo no primeiro episódio se gota “complicada”✅ AU > 8✅ AU > 9
Danger -DeRiscoInício antes dos 40 anos de idade, doença genética, risco de EA pelas medicações utilizadas na crise ou redução do RCV evidência controversa (HAS, IAM, IC)/ utd → DM
  • Posso iniciar terapia redutora de urato na crise?
    • Artigo 2022 (Jia, E) e ACR 2020 – recomendação condicional favorável
      • Motivos:
        • Paciente está mais motivado para iniciar o tratamento e momento educacional (ACR202 e opinião dos pacientes)
        • O início não aumenta o tempo ou intensidade da crise.
        • ACR → influenciada pela opinião dos pacientes.
      • Pontos negativos:
        • Receito quanto a precipitar nova crise e Piora a crise -> sem evidência para ambas
        • Iniciar a terapia sem saber o AU basal do paciente
        • Se paciente apresentar efeitos colaterais não saberemos qual foi a medicação
        • Sem evidência que isso alcance mais rápido o AU alvo < 6
        • Sem evidência de melhores desfechos ou adesão a longo prazo.
  • Cuidados durante a terapia:
    • Começar com dose baixa no início do tratamento
      • Devagar e sempre, com objetivo de não reduzir muito rápido o nível sérico de ácido úrico e reduzir a chance de crise: aumentar a dose a cada 2-4 semanas
    • Tempo de tratamento indefinido (recomendação condicional ACR)
      • Nos pacientes em remissão, pode ser suspenso o tratamento caso paciente esteja sem crise e sem tofo há ano e AU no alvo.
      • TRU de maneira contínua é a regra, exceção é retirar remédio. Talvez naquele paciente que esteja muito tempo sem crise, sem tofo e que tenha aderido a MEV (dieta e exercício físico). Evidência que terapia intermitente é muito inferior a terapia contínua.
    • Orientar quanto a dieta e ajuste de medicamentos hiperuricemiantes, preferindo aqueles que possuem propriedade uricorredutoras (ex.: losartana, anlodipino)
  • Medicações disponíveis.
    • Inibidores da xantina oxidase – iXAO
    • Uricosúricos: que aumentam a excreção renal de AU
    • Uricolíticos, que convertem o AU em alantoína
  • iXAO (Inibidores da xantina oxidase):
    • São a primeira opção, sendo fortemente recomendado o alopurinol. (ACR)
    • Inibem a xatina oxidase, bloqueando a síntese hepática de ácido úrico
    • Alopurinol e febuxostate são opções disponíveis
      • Alopurinol (ALP)
        • O oxipurinol é um metabólito ativo que possui eliminação renal. Nos pacientes com DRC sua depuração é prolongada e acredita-se possuir relação com a síndrome de hipersensibilidade ao alopurinol.
        • Dose incial
          • TFG <60 (não iniciar dose maior que 1,5mg/ml de TFG para reduzir risco de SHA): iniciar com 50mg 1x ao dia e aumentar 50mg a cada 2-4 semanas
          • TFG >30-60 → iniciar com 100mg e aumentar 100mg a cada 2-4 semanas
        • Dose máxima: 800-900mg/dia
        • 3-5% dos paciente possuem efeitos colaterais, sendo o mais grave a síndrome de hipersensibilidade ao alopurinol (SHA), que é rara (0,1-0,4%)
        • Efeitos colaterais: náuseas, leucopenia, trombocitopenia e hepatotoxicidade.
        • Síndrome de hipersensibilidade ao alopurinol (SHA)
          • Grave e com elevada mortalidade (até 20%)
          • Semelhante a síndrome DRESS (reação a droga com eosinofilia e sintomas sistêmicos)
          • Oriente paciente para sinais de alarme (prurido, rash e febre), que se presentes indicam a necessidade de suspensão da medicação e realização de exames complementares para excluir SHA
          • Pode evoluir com Steven johnson (SSJ) e necrólise epidérmica tóxica (NET)
          • Pode ocorrer em qualquer momento do uso da medicação, mas é mais comum nas primeiras 8 semanas, principalmentez entre a 2-4 semana (carvalho + secrets).
          • Fatores de risco → DRC, diuréticos e presença do HLAB5801 (orientais, em especial chineses, tailandes e coreano)
          • HLAB5801 negativo não exclui a evolução para SHA, principalmente na descendência europeia.
          • É menos frequente se início no início em doses baixas (<100mg)
        • 50% dos pacientes em uso do alopurinol em doses até 300mg alcançam níveis séricos de AU < 6 e até 80% em doses de 600-800mg/dia
        • Pacientes com tofos extensos podem demorar mais para alcançar o alvo, mas refrataridade verdadeira é rara
      • No paciente com falha ao alopurinol, o ACR sugere que seja trocado para outro iXAO se ácido úrico > 6 e > 2 flares/ano ou tofo que não é reabsorvido – recomendação condicional.
    • Febuxostate
      • Presente no brasil apenas via importação, custo elevado
      • Inibidor seletivo não purínico da xantina oxidase (XO), metabolizado no fígado e eliminado via renal e fecal
      • Contraindicado de Child C e D → sem estudo
      • Sem necessidade de ajuste para TFG > 30 e child A e B
      • Eficiente em paciente com TFG 15-30, porém a dose não deve exceder 40mg/dia (FDA)
      • Dose inicial: 40mg/dia
      • Dose máxima: 80-120mg/dia
      • Efeitos colaterais: diarreia, náusea, cefaleia, exantema e hepatotoxicidade.
        • Também pode causar reação cutânea grave (SSJ e NET)
        • Risco cardiovascular
          • Estudos iniciais mostraram aumento modesto no risco cardiovascular (RCV), quando comparado ao allpurinol
          • Isso não foi demostrado no estudo CONFIRMS
          • No estudo CARES houve aumento do óbito por doença cardiovascular e isso motivou o black box warning do FDA
            • No entanto, nesse estudo a maioria dos pacientes possuia alto RCV com eventos prévios (IAM, AVEI e AIT), 45% dos pacientes perderam o seguimento
          • O estudo FAST não mostrou óbito CVC, mas nesse estudo, a população tinha menor RCV.
          • Estudo mais recentes não demonstraram aumento do risco cardiovasular
          • ACR: recomenda trocar para outra medicação, se paciente com histórico de risco cardiovascular, porém esta não é uma contraindicação absoluta.
  • Uricosúricos (aumentam a eliminação renal do ácido úrico)
    • O principal mecanismo para elevação do ácido úrico sérico é pela redução na excreção renal
    • Quando pensar em usar?
      • Pacientes com menos de 60 anos, função renal preservada, uricosúria de 24h < 800mg (secrets – se < 700mg) em dieta regular ou ClAu < 6ml e sem história de nefrolitíase.
    • Mecanismo de ação: Atuam no túbulo contorcido proximal nos transportadores (GLUT9, URA1, OAT 1, OAT 2, OAT 3, OAT 4)
    • Existem diversas medicações (probenecida, sulfimpirazona, benzbromarona e lesinurade)
    • Benzbromarona (BZM)
      • Disponível no Brasil
      • Uricosúrico potente de longa duração, inibindo a reabsorção do AU mediada pelo URAT1.
      • Metabolizado no fígado e excretado pela bile (não necessita de correção para f. renal)
      • Tem meia vida curta (3h), porém seu metabólito ativo, a 6-hidroxibenzbromarona, mantém as propriedades uricosúricas e tem uma meia-vida superior a 24 h.
      • Deve ser iniciada em dose baixa (25-50mg/dia) com aumento progressivo da dose até 200mg/dia.
      • Paciente com TFG preservada, é estimado que 100mg de BZM são equivalentes a 400mg de ALP
      • Efeitos colaterais:
        • Diarreia
        • Nefrolitíase
          • Medidas para reduzir o risco de nefrolitíase são:
            • Iniciar em dose baixa,
            • Manter hidratação adequada (2-3L/dia)
            • Opção: uso de bicarbonato de sódio (3-7,5g/dia) ou citrato de potássio (7,5g) para alcalinização urinária (manter o pH entre 6-6,5)
        • Hepatotoxicidade
          • EUA e alguns países da europa não utilizam
          • É raro hepatite grave e fulminante, apenas 11 casos descritos na literatura. Hepatite no geral → 1/17.000 habitantes.
          • Evitar em pacientes hepatopatas, em conjunto com outras medicações hepatotóxicas ou etilistas.
          • Monitorar com maior cautela no primeiro ano de uso (semanalmente no primeiro mês, quinzenal no segundo mês, mensal no 3º ao 6º mês, e a cada 2 meses até o final do primeor ano de uso) – recomendação empírica
          • Suspender e orientar paciente a suspender se apresentar náusea, êmese, dor abdominal, icteríca ou colúria
  • Uricolíticos
    • Convertem o ácido úrico em alantoína que por sua vez é excretada via renal (mais hidrossolúvel e não se acumula no organismo).
    • Utilizadas principalmente na Síndrome de líse tumoral
    • São uricases recombinantes derivadas de aspergillus flavus
    • Utilidade limitada na gota, por causa da meia-vida curta, desenvolvimento de anticorpos neutralizantes, risco significativo de efeitos adversos sérios imunomediados e da perda de eficácia após 6-15 meses de terapia.
    • Pegloticase (forma de PEG-uricase)
      • Aprovada nos EUA para adultos refratários a terapia convencional.
      • Estudos fase 3 (excluíram pacientes cardiopatas, transplantados, diálise, gestantes e Deficiência de G6PD) comparam 8mg a cada 2 ou.4 semanas com placebo.
        • A dose quinzenal foi superior.
        • 89% dos pacientes desenvolveram anticorpos (associação com perda de resposta e reação infusional)
      • Recomendada a suspensão da medicação em pacientes que ficam com AU superior a 6mg/dl 2 semanas após a infusão ou AU >6 antes da infusão
      • iniciar profilaxia para crise 1 semana antes do início da medicação por reduzir rapidamente os níveis de AUS nas 1ªs primeiras 24h do tratamento e risco de crise em até 80% dos pacientes
      • Não deve ser usada com outras TRU devido estas confundirem a avaliação do AUS
      • ACR: Recomenda em pacientes com AU fora do alvo que não toleram outras medicações, crises recorrentes (≥ 2/ano) ou tofo que não reabsorve.
      • No é disponível no brasil
      • Contraindicado em pacientes com D6GPD

  • Na prática, por que preferimos usar o alopurinol na maioria das vezes?
    • Preço, acesso e eficácia, mesmo nos pacientes que são hipoexcreterores (90%)
  • A terapia combinada é uma opção em pacientes refratários e com tofos
    • Os uricosúrico são usados em combinaçao mesmo em paciente hiperprodutores, uma vez que com a redução sérica do ácido úrico pelo alopurinol, há redução da sua excreção urinária

Referências

  1. Perez-Ruiz, F., Castillo, E., Chinchilla, S. P., & Herrero-Beites, A. M. (2014). Clinical manifestations and diagnosis of gout. Rheumatic Disease Clinics of North America, 40(2), 193–206. https://doi.org/10.1016/j.rdc.2014.01.003
  2. Aslam, F., & Michet, C. (2017). My Treatment Approach to Gout. Mayo Clinic Proceedings, 92(8), 1234–1247. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.05.026
  3. Fields, T. R. (2019). The Challenges of Approaching and Managing Gout. Rheumatic Disease Clinics of North America, 45(1), 145–157. https://doi.org/10.1016/j.rdc.2018.09.009
  4. Kasper, I. R., Juriga, M. D., Giurini, J. M., & Shmerling, R. H. (2016). Treatment of tophaceous gout: When medication is not enough. Seminars in Arthritis and Rheumatism, 45(6), 669–674. https://doi.org/10.1016/j.semarthrit.2016.01.005
  5. Dalbeth, N., Reid, S., Stamp, L. K., & Arroll, B. (2019). Making the right thing the easy thing to do: strategies to improve outcomes in gout. The Lancet Rheumatology, 1(2), e122–e131. https://doi.org/10.1016/s2665-9913(19)30004-9
  6. Richette, P., Doherty, M., Pascual, E., Barskova, V., Becce, F., Castaneda, J., Coyfish, M., Guillo, S., Jansen, T., Janssens, H., Lioté, F., Mallen, C. D., Nuki, G., Ruiz, F. P.-, Pimentao, J., Punzi, L., Pywell, A., So, A. K., Tausche, A.-K., … Zhang, W. (2020). 2018 updated European League Against Rheumatism based recommendations for the diagnosis of gout. 31–38. https://doi.org/10.1136/annrheumdis-2019-215315
  7. FitzGerald, J. D., Dalbeth, N., Mikuls, T., Brignardello-Petersen, R., Guyatt, G., Abeles, A. M., Gelber, A. C., Harrold, L. R., Khanna, D., King, C., Levy, G., Libbey, C., Mount, D., Pillinger, M. H., Rosenthal, A., Singh, J. A., Sims, J. E., Smith, B. J., Wenger, N. S., … Neogi, T. (2020). 2020 American College of Rheumatology Guideline for the Management of Gout. Arthritis Care and Research, 72(6), 744–760. https://doi.org/10.1002/acr.24180
  8. Stamp, L. K., Farquhar, H., Pisaniello, H. L., Vargas-Santos, A. B., Fisher, M., Mount, D. B., Choi, H. K., Terkeltaub, R., Hill, C. L., & Gaffo, A. L. (2021). Management of gout in chronic kidney disease: a G-CAN Consensus Statement on the research priorities. Nature Reviews Rheumatology. https://doi.org/10.1038/s41584-021-00657-4
  9. Jia, E., Yao, X., Geng, H., Zhong, L., Xie, J., Xiao, Y., & Jiang, Y. (2022). The effect of initiation of urate ‑ lowering treatment during a gout flare on the current episode : a meta ‑ analysis of randomized controlled trials. Advances in Rheumatology. https://doi.org/10.1186/s42358-022-00236-5
  10. **Pillinger, M. H., & Mandell, B. F. (2020). Therapeutic approaches in the treatment of gout. Seminars in Arthritis and Rheumatism, 50(3), S24–S30. https://doi.org/10.1016/j.semarthrit.2020.04.010**
  11. **Dalbeth, N., Choi, H. K., Joosten, L. A. B., Khanna, P. P., Matsuo, H., Perez-Ruiz, F., & Stamp, L. K. (2019). Gout. Nature Reviews Disease Primers, 5(1). https://doi.org/10.1038/s41572-019-0115-y**
  12. **Stamp, L. K., & Chapman, P. T. (2016). Gout. Lancet, 6736(16), 179–195. https://doi.org/10.1007/978-3-319-59963-2_8**
  13. Abhishek, A. (2020). Debates in gout management. In Current Opinion in Rheumatology (Vol. 32, Issue 2, pp. 134–139). Lippincott Williams and Wilkins. https://doi.org/10.1097/BOR.0000000000000689
  14. Reijnierse, M., Schwabl, C., & Klauser, A. (2022). Imaging of Crystal Disorders:: Calcium Pyrophosphate Dihydrate Crystal Deposition Disease, Calcium Hydroxyapatite Crystal Deposition Disease and Gout Pathophysiology, Imaging, and Diagnosis. Radiologic Clinics, 60(4), 641–656. https://doi.org/10.1016/J.RCL.2022.03.007
  15. **Dalbeth, N., Gosling, A. L., Gaffo, A., & Abhishek, A. (2021). Gout. In The Lancet (Vol. 397, Issue 10287, pp. 1843–1855). Elsevier B.V. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(21)00569-9**
  16. Stamp, L. K., & Farquhar, H. (2021). Treatment advances in gout. In Best Practice and Research: Clinical Rheumatology (Vol. 35, Issue 4). Bailliere Tindall Ltd. https://doi.org/10.1016/j.berh.2021.101719
  17. Estiverne, C., & Mount, D. B. (2020). The Management of Gout in Renal Disease. In Seminars in Nephrology (Vol. 40, Issue 6, pp. 600–613). W.B. Saunders. https://doi.org/10.1016/j.semnephrol.2020.12.007
  18. McKenzie, B. J., Wechalekar, M. D., Johnston, R. v., Schlesinger, N., & Buchbinder, R. (2021). Colchicine for acute gout. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2021(8). https://doi.org/10.1002/14651858.CD006190.pub3
  19. Yoshida, K., Choi, H. K., & Solomon, D. H. (2021). Medications for gout and its comorbidities: Mutual benefits? Current Opinion in Rheumatology, 33(2), 145–154. https://doi.org/10.1097/BOR.0000000000000784
  20. Janssens HJ et al. A diagnostic rule for acute gouty arthritis in primary care without joint fluid analysis. Arch Intern Med. 2010;170(13):1120-6.
  21. H.J.E.M., J., J., F., E.H., V. D. L., P.L.C.M., V. R., C., V. W., & M., J. (2010). A diagnostic rule for acute gouty arthritis in primary care without joint fluid analysis. Archives of Internal Medicine, 170(13), 1120–1126. https://doi.org/10.1001/archinternmed.2010.196
  22. Richette, P., Doherty, M., Pascual, E., Barskova, V., Becce, F., Castañeda-Sanabria, J., Coyfish, M., Guillo, S., Jansen, T. L., Janssens, H., Lioté, F., Mallen, C., Nuki, G., Perez-Ruiz, F., Pimentao, J., Punzi, L., Pywell, T., So, A., Tausche, A. K., … Bardin, T. (2017). 2016 updated EULAR evidence-based recommendations for the management of gout. Annals of the Rheumatic Diseases, 76(1), 29–42. https://doi.org/10.1136/annrheumdis-2016-209707
  23. E M Janssens, H. J., Janssen, M., van de Lisdonk, E. H., C M van Riel, P. L., & van Weel, C. (2008). Articles Use of oral prednisolone or naproxen for the treatment of gout arthritis: a double-blind, randomised equivalence trial. In www.thelancet.com (Vol. 371). www.thelancet.com
  24. Khanna D et al. 2012 American College of Rheumatology guidelines for management of gout. Part 2: therapy and antiinflammatory prophylaxis of acute gouty arthritis. Arthritis Care Res (Hoboken). 2012;64(10):1447-61.
  25. Gwinnutt, J. M., Wieczorek, M., Balanescu, A., Bischoff-Ferrari, H. A., Boonen, A., Cavalli, G., de Souza, S., de Thurah, A., Dorner, T. E., Moe, R. H., Putrik, P., Rodríguez-Carrio, J., Silva-Fernández, L., Stamm, T., Walker-Bone, K., Welling, J., Zlatković-Švenda, M. I., Guillemin, F., & Verstappen, S. M. M. (2022). 2021 EULAR recommendations regarding lifestyle behaviours and work participation to prevent progression of rheumatic and musculoskeletal diseases. Annals of the Rheumatic Diseases, annrheumdis-2021-222020. https://doi.org/10.1136/annrheumdis-2021-222020
  26. Lee, M.-H. H., Graham, G. G., Williams, K. M., & Day, R. O. (2008). A Benefit-Risk Assessment of Benzbromarone in the Treatment of Gout Was its Withdrawal from the Market in the Best Interest of Patients? In Drug Safety (Vol. 31, Issue 8).
  27. Neogi, T., Jansen, T. L. T. A., Dalbeth, N., Fransen, J., Schumacher, H. R., Berendsen, D., Brown, M., Choi, H., Edwards, N. L., Janssens, H. J. E. M., Lioté, F., Naden, R. P., Nuki, G., Ogdie, A., Perez-Ruiz, F., Saag, K., Singh, J. A., Sundy, J. S., Tausche, A. K., … Taylor, W. J. (2015). 2015 Gout Classification Criteria: An American College of Rheumatology/European League Against Rheumatism Collaborative Initiative. Arthritis and Rheumatology, 67(10), 2557–2568. https://doi.org/10.1002/art.39254
  28. Azevedo, V. F., Kos, I. A., Vargas-Santos, A. B., da Rocha Castelar Pinheiro, G., & dos Santos Paiva, E. (2019). Benzbromarone in the treatment of gout. Advances in Rheumatology (London, England)59(1), 37. https://doi.org/10.1186/S42358-019-0080-X
  29. Xue, X., Liu, Z., Li, X., Lu, J., Wang, C., Wang, X., Ren, W., Sun, R., Jia, Z., Ji, X., Chen, Y., He, Y., Ji, A., Sun, W., Zhang, H., Merriman, T. R., Li, C., & Cui, L. (2021). The efficacy and safety of citrate mixture vs sodium bicarbonate on urine alkalization in Chinese primary gout patients with benzbromarone: a prospective, randomized controlled study. Rheumatology60, 2661–2671. https://doi.org/10.1093/rheumatology/keaa668
  30. Imaging of Crystal Disorders:: Calcium Pyrophosphate Dihydrate Crystal Deposition Disease, Calcium Hydroxyapatite Crystal Deposition Disease and Gout Pathophysiology, Imaging, and Diagnosis, 2022
  31. White, W. B., Saag, K. G., Becker, M. A., Borer, J. S., Gorelick, P. B., Whelton, A., Hunt, B., Castillo, M., & Gunawardhana, L. (2018). Cardiovascular Safety of Febuxostat or Allopurinol in Patients with Gout. New England Journal of Medicine. https://doi.org/10.1056/NEJMoa1710895
  32. **Sivera, F., Andres, M., & Dalbeth, N. (2022). A glance into the future of gout. Therapeutic Advances in Musculoskeletal Disease, 14, 1759720X2211140. https://doi.org/10.1177/1759720X221114098**
  33. https://www.uptodate.com/contents/pharmacologic-urate-lowering-therapy-and-treatment-of-tophi-in-patients-with-gout?search=profilaxia gota&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1#H1065157525
  34. Estiverne, C., & Mount, D. B. (2020). The Management of Gout in Renal Disease. In Seminars in Nephrology (Vol. 40, Issue 6, pp. 600–613). W.B. Saunders. https://doi.org/10.1016/j.semnephrol.2020.12.007
  35. Vargas-Santos, A. B., & Neogi, T. (2017). Management of Gout and Hyperuricemia in CKD. American Journal of Kidney Diseases. https://doi.org/10.1053/j.ajkd.2017.01.055

2 thoughts on “Gota – Tratamento | Reumatize Podcast | Manutenção | Episódio 02 – Parte 2”

    1. Boa tarde Gustavo! A cascata de corticoide consiste em doses decrescentes de corticoide, geralmente fazemos 30mg/dia de prednisona por 5-7 dias, seguido por 20mg/dia por mais 7 dias, seguido por 10mg/dia por mais 7 dias. Isso varia muito de acordo com a indicação. Nos pacientes com gota tofácea crônica, é uma opção e vai ao encontro de algumas referências que sugerem que o corticoide seja reduzido de maneira mais lenta para reduzir a chance de rebote. Caso tenha mais alguma dúvida, pode avisar. Obrigado pelo interesse.

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *